Antologias poéticas são sempre bem-vindas, sobretudo em tempos tão estranhos como os da atualidade.
Em meio à crescente onda de estandartização da vida, tão exposta e tão fingida nas redes sociais; de busca por aplausos a todo custo, ainda que isso signifique “ser o que não se é”; de recrudescimento do ódio de classe, de gênero, de raça, de idade, de nacionalidade, de orientação sexual e de tantos outros – fazer poesia é, mais uma vez e como sempre, um ato de rebeldia e de amor.
Sim, “O poeta [também] é um fingidor”, é verdade o que disse Fernando Pessoa; e “Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente”. Mas o fingir dos dias de hoje, das pessoas de agora, é muito diferente do fingir revelado pelo poeta lusitano em seu “Poema Autopsicografia”.
Hoje, mais do que nunca, finge-se sabedoria o não-saber dos néscios, e disso resulta um viver cada vez mais vazio, sem afeto, embora tão repleto de estímulos, de informações, de caminhos possíveis.
“E assim nas calhas da roda”, aqui reunimos 114 poetas brasileiras/os, “de todas as cores / de várias idades / de muitos amores”, para decantar suas Brasilidades poéticas, neste segundo volume de um projeto que, rebelde e amoroso como a poesia é, insiste e resiste aos ventos frios desses dias tão estranhos...
Que se inciem os trabalhos. A poesia, em sua brasilidade mais própria, mais íntima, tem que continuar.
Quase todos nós desejamos escrever um livro – se é que já não o temos pronto, numa gaveta ou numa pasta digital. Além de obras pessoais completas, participação em antologias literárias ou em obras acadêmicas também fazem parte de nossos sonhos. A Editora Mente Aberta te ajuda a “organizar as ideias” e também a publicar seus escritos, como tem feito com muita gente boa ao longo de quase uma década.